O Cineclube Alpharrabio começa o ano com um filme da França. O diretor escolhido é a melhor imagem dos franceses.
A obra cinematográfica de René Clair, de coerência e unidade interna excepcionais, revela um mundo poético no qual a realidade resvala para o irreal e a malícia e a ironia mascaram a ternura pelos personagens.
René-Lucien Chomette nasceu em Paris em 11 de novembro de 1898. Seu primeiro filme, Paris qui dort (1923; Enquanto Paris dorme), revelou o gosto pelo fantástico e pela comédia; no segundo, aderiu à vanguarda e fez de Entr'acte (1924; Entreato) um clássico de média metragem. Ainda na fase silenciosa, realizou um documentário e cinco comédias longas. Destacou-se com Un Chapeau de paille d'Italie (1927; Um chapéu de palha da Itália), no qual combina a anedota popular com a ironia intelectual, constante em sua obra. Foi dos primeiros a empregar o som de modo expressivo em Sous les toits de Paris (1930; Sob os tetos de Paris). Obteve a consagração com Le Million (1930; O milhão), À nous la liberté! (1931; Viva a liberdade), Quatorze juillet (1932; Quatorze de julho) e Le Dernier Milliardaire (1934; O último milionário), este sabotado pelos fascistas.
O êxito de The Ghost Goes West (1936; Fantasma camarada), feito na Inglaterra, e a segunda guerra mundial incentivaram-no a transferir-se para Hollywood, onde dirigiu cinco filmes, o melhor deles It Happened Tomorrow (1943; O tempo é uma ilusão). Dos oito filmes franceses dirigidos entre 1947 e 1965, a crítica destaca sobretudo Le Silence est d'or (1947; Silêncio de ouro), Les Belles de nuit (1952; Esta noite é minha) e Les Grandes Manoeuvres (1955; As grandes manobras). Clair morreu em 15 de março de 1981 em Neuilly-sur-Seine.